A origem do conceito de “terceiro espaço” concebia-se como um espaço mental para distinguir o primeiro lugar, a própria casa, e o segundo lugar, o trabalho. De maneira que o terceiro era o espaço complementar dedicado à vida social e à interação de uma comunidade para a criação e difusão de ideias sobre qualquer temática de interesse (cultural, informática, de cozinha, entre outros).
Este conceito, com os anos, foi evoluindo e adaptando-se aos tempos de agora. Podemos dizer que estes “terceiros espaços” encontraram-se em bibliotecas, centros sociais e/ou modelos de cafés workcoffee como starbucks, que é o precedente do atual conceito de “terceiro espaço”.
Hoje em dia com a digitalização praticamente não existe uma distinção entre o espaço físico e o espaço digital. Isto fez com que a interação meramente social seja muito mais constante já que estamos completamente interconectados e, por isso, haja menos necessidade de procurar um espaço físico para interactuar e partilhar ideias.
Deste modo, o “terceiro espaço” atualmente começa a ter sentido como zonas tranquilas e acolhedoras para trabalhar em equipa ou sozinhos, é imprescindível que tenha wifi e uma cozinha onde preparar café e comer.
Com a pandemia, muitos trabalhadores tiveram dificuldades em organizar um espaço de trabalho em casa. Este aspecto foi um grande acelerador da procura dos novos “terceiros espaços”, e que continuará a acontecer com as novas tendências profissionais de teletrabalho e trabalho flexível. Esta tem sido uma grande oportunidade de negócio para algumas empresas importantes do sector turístico e do alojamento local que precisam gerar receitas enquanto não se recupera o volume normal de turistas.
Aibnb, por exemplo, está a usar
Airbnb for Work para facilitar a empresas e trabalhadores três tipos de espaços. O primeiro, alojamento para pernoitar. O segundo, experiências de team-building. O último, espaços de trabalho criativos, tranquilos e com wifi orientados tanto para o trabalhador individual como a equipas de trabalho que precisam de zonas de reunião.
Os gestores de propriedades podem aproveitar esta oportunidade para oferecer alguns dos seus espaços com esta finalidade. As opções para ter este tipo de espaço podem ser infinitas. Na realidade, alguns hotéis já estão a oferecer os seus quartos como escritórios durante o dia e como alojamento para dormir de noite. São os chamados “hotéis híbridos", que é uma maneira de não ter que converter alguns dos apartamentos ou quartos em espaços unicamente de trabalho ou de dormir. Ao habilitar o quarto de maneira flexível para ambas coisas pode diversificar o produto oferecido, adaptá-lo à procura atual e aumentar as receitas, uma vez que o mesmo quarto pode ser arrendado duas vezes ao dia. Como extra, permite sobreviver a estes tempos de paralisação que atravessa o turismo atualmente.
Concluindo, o surgimento dos “terceiros espaços” são uma nova oportunidade de negócio para o sector do alojamento local, não só pela crescente procura que está a acontecer com os novos hábitos de trabalho, mas também como estratégia de diversificação do produto de um alojamento.